Fábio - Fim de um ciclo?
Meus amigos, entre as várias notícias que envolvem o Cruzeiro neste início de ano está uma que merece destaque e reflexão: a venda do jovem goleiro Brazão para o Parma da Itália. O jogador que também veste a camisa da seleção brasileira foi negociado antes mesmo de fazer um jogo pelo profissional do clube. Foi um bom negócio? O Cruzeiro agiu certo ao negociá-lo?
Pois bem, antes de tratarmos especificamente da negociação vamos analisar a situação dos goleiros do Cruzeiro. O titular absoluto é o Fábio, melhor goleiro em atividade no Brasil faz anos. O que mais impressiona neste profissional não são suas defesas fantásticas, mas a sua regularidade, sua constância, suas atuações em nível altíssimo ano após ano. Neste intervalo de tempo a mídia já endeusou inúmeros goleiros, tais como: Rogério Ceni – São Paulo; Fernando Prass – Palmeiras; Cássio – Corinthians; (na minha opinião quem mais se aproxima em constância) Grohe – Grêmio; Vanderlei – Santos; Vítor – Alt/MG; Diego Alves – Flamengo e até Weverton – Palmeiras, mas nenhum deles tem o poder de decisão por tanto tempo como o veterano celeste.
Goleiro Fábio - Foto: Mauricio Farias/Light Press/Cruzeiro
Apesar disto e dos títulos conquistados com a camisa 1 do Cruzeiro o arqueiro celeste nunca teve uma oportunidade na seleção brasileira, situação inexplicável, aliás, ao contrário, facilmente explicável e que comprova que fatores políticos e extracampo definem as convocações apesar das negativas dos técnicos de que estes fatos existem.
Continuando nossa análise sobre os goleiros cruzeirenses, o reserva imediato do gol celeste é o Rafael. Seguro, tranquilo, certamente um dos melhores goleiros do país que pacientemente aguarda sua oportunidade definitiva. Na verdade, o Cruzeiro tem a melhor dupla de goleiros entre todos os times brasileiros, e isto só foi possível porque além do talento dos goleiros, temos uma tradição de grandes nomes na posição e um preparador de goleiros inigualável: Robertinho. Seus métodos têm possibilitado além da manutenção da performance do titular por tanto tempo, uma disseminação do know-how para os demais jogadores da posição e isto é importantíssimo e muito raro no futebol.
Goleiro Rafael. Foto: Anderson Stevens/Light Press/Cruzeiro
Abro aqui um parêntese pra falar de um comportamento, na minha opinião, injustificado, por parte de alguns torcedores do clube, que insistem em subestimar e até mesmo desmerecer o Fábio chegando ao ponto de questionar se ele é ou não o maior ídolo da história do clube. Esta posição se torna mais absurda dado a recente e vexatória saída do uruguaio De Arrascaeta do time, rumo ao Flamengo. Lembro que este jogador já era considerado ídolo por alguns. Nenhum outro jogador da rica história do Cruzeiro esteve tantas vezes em campo pelo clube, são mais de 810 partidas, conquistando títulos importantes como o tricampeonato da copa do Brasil e o bicampeonato brasileiro. Este tipo de torcedor tem que aprender a separar o joio do trigo, Fábio merece uma estátua e muitas reverencias.
Colocado isto, o Cruzeiro tem que cuidar deste ídolo, tem que sentar com o atleta e discutir seu futuro, seus passos quando abandonar os gramados. Isto tem que ser feito com o maior respeito, com muito cuidado, levando em conta o lado humano e com visão estratégica. Qual a vontade do Fábio? Ser técnico, dirigente, embaixador? O que mais se encaixa ao seu perfil? Onde e em qual função ele pode ajudar mais o clube? São inúmeras perguntas que precisam ser respondidas e mais do que isto, precisam ser feitas. Um jogador deste tamanho precisa de muita atenção neste momento. Será que estão fazendo isto, será que tem alguém no Cruzeiro com este tipo de visão e cuidado? O tempo nos dirá...
Em relação a temporada atual, penso diferente do técnico Mano Menezes. Na minha opinião é necessário um rodizio entre os goleiros, até já pensando nesta transição de bastão. Mas também por termos dois goleiros tão bons, Rafael precisa de um número de jogos maior durante o ano e isto não é demérito nenhum ao Fábio. Aqui nos grandes clubes europeus isto é muito comum. Assim se faz uma passagem tranquila, natural e respeitosa.
Pra finalizar, respondo à questão sobre o Brazão: sim, a venda dele, foi acertada. É um talento, mas ainda não jogou no profissional, como vimos aqui temos grandes jogadores na fila, na frente dele e o Cruzeiro ficou com um percentual do jogador pensando em futuras transações ou valorização. E bom também para o garoto que terá uma experiência internacional aumentando suas chances de titularidade em um grande time europeu e na seleção.
Goleiro Gabriel Brazão: Foto: Divulgação
Saudações celestes!
Por: Walace Alves - @Blog_Tendencias
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